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TI BACURIZINHO / MARANHÃO

A Terra Indígena Bacurizinho fica ao sul do estado do Maranhão, cercada pelas cidades de Grajaú e Barra do Corda. Há milhares de anos, vive ali às margens do Rio Mearim o Povo Tenetehara Guajajara. O Rio Mearim, que nasce nas serras Negra, Menina e Crueiras, simboliza mais do que um curso de água. Para os Guajajara, é uma entidade sagrada, vital para sua sobrevivência física e espiritual. Contudo, o rio e seus guardiões enfrentam uma ameaça crescente: a poluição e a destruição causada pela expansão descontrolada do agronegócio. À medida que o rio serpenteia por inúmeras pequenas cidades, ele é progressivamente contaminado pelos rejeitos da agropecuária e monoculturas de grãos, que envenenam suas águas e destroem seu estilo de vida, intimamente vinculado ao Rio.

 

A atuação do PROJETO BIGUÁ na região começou em 2022. Liderada pelo advogado indígena Arão da Providência Guajajara, nossa atuação consiste em uma defesa jurídica do Rio Mearim e das Aldeias no seu entorno, especialmente as Aldeias José Lopes e Arymy. Desde então já estivemos no local prestando assistência jurídica às demandas individuais de indígenas, bem como iniciando as gravações de um documentário: ÝWÀN: A ALMA DO RIO MEARIM, longa metragem dirigido pelos cineastas Patrick Granja e Danilo Guajajara, lideranças indígena e hábil comunicador, integrante da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão, a COAPIMA.

​Na região, várias empresas do agronegócio estão desmatando a floresta e grilando terras para expandir seus cultivos de grãos nos limites da TI Bacurizinho. A equipe multidisciplinar do Projeto Biguá esteve in loco no território realizando oficinas de monitoramento territorial e produzindo provas das invasões a Terra Indígena. Posteriormente, iniciamos uma ampla investigação por dados abertos (open source investigation) utilizando portais de dados públicos como o Terrabrasilis (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o SIGEF (Sistema de Gestão Fundiária), o SICAR (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural) e o DATASUS, com dados de saúde pública de todo o Brasil.

 

Nossa assistência na região inclui também a parte de pesquisa acadêmica, liderada pelo Professor Octávio Ferraz; e o apoio direto a iniciativas de retomada do território invadido pelo agronegócio com deslocamento de indígenas por veículos rurais até as áreas invadidas, instalação de cercas, construção de malocas e roças de mandioca. A retomada é uma das estratégias de defesa do território dos guardiões indígenas Zawyxi Pekoer (casco de jabuti), que fazem a proteção do território através das retomadas e da vigilância constante das fronteiras.

O PROJETO BIGUÁ é uma iniciativa do Centro de Etnoconhecimento Sociocultural e Ambiental Cauiré, o CESAC, de defesa da cultura e dos territórios ancestrais através do intercâmbio de saberes entre a floresta e a cidade. Com trocas de conhecimentos sobre comunicação, cinema e direitos humanos a partir da cidade;  medicina, linguística, musicalidade e cosmologia ancestral a partir da floresta; o Biguá viaja da floresta aos grandes centros urbanos incentivando a autodeterminação dos povos, a autodemarcação e a gestão autônoma de seus territórios. 

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